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Entrevista com os autores de “Seropédica em foco: diálogos históricos e historiográficos”

Por Gian Lucas Mendonça Silva*, com o apoio de João Paulo de Abreu Almeida Costa e Póvoa** e Vanessa de Souza Oliveira***.

O livro “Seropédica em foco: diálogos históricos e historiográficos”, organizado por Fabiane Popinigis, Margareth de Almeida Gonçalves, Jessica Santana de Assis Alves, Vinicius Kleyton de Andrade Brito e Marlon Rodrigues Marques, foi publicado pela Edur em 13 de março de 2021, dia em que é comemorada a emancipação político-administrativa de Seropédica, que até o ano de 1995 era um distrito de Itaguaí. A obra, que é dividida em 5 capítulos, percorre temáticas e temporalidades diversas.

Os assuntos abordados no livro vão desde a Imperial Fazenda de Santa Cruz, terras que correspondiam geograficamente a uma vasta região (inclusive o atual município de Seropédica), até investigações sobre a UFRRJ durante a ditadura militar, época em que a instituição foi ocupada pelo exército, levando a diversas violações dos direitos humanos.

Os estudos que compõem o livro são de importância imperativa, pois a história da região é pouco conhecida e, consequentemente, pouco valorizada. A fim de proporcionar um maior entendimento sobre a obra e os temas abordados, apresentamos uma entrevista realizada com os autores, na qual foram priorizados aspectos como os interesses do estudo e a busca de fontes, com indicações para leitores que queiram se aprofundar ainda mais nos assuntos.

Participaram da entrevista os autores Thales Gustavo Tardivo Costa (Capítulo 1 – A Fazenda de Santa Cruz vista através de sua bibliografia); Karine Simões da Costa (Capítulo 3 – Uma história da instrução pública no Rio de Janeiro de 1860: o caso de Maria Roza, professora de primeiras letras em Bananal de Itaguaí); Joyce Cristina Machado Figueiredo (Capítulo 4 – Configurações familiares da D. Anna Rosa e dos escravizados em sua posse: associação nominal [Itaguaí 1848-1865]); Max Fabiano Rodrigues de Oliveira (Capítulo 5 – Seropédica nos tempos de Nossa Senhora da Conceição do Bananal) e Jessica Santana de Assis Alves (Capítulo 6 – Entre a cafeicultura e a indústria na década de 1850: a disputa por terras em Itaguaí nos debates da Assembleia Provincial do Rio de Janeiro).

Confira abaixo!

 

PERGUNTA 01 – Para começar, gostaríamos que os autores falassem sobre suas respectivas áreas de atuação, bem como sobre seus interesses acadêmicos.

 

Thales: Eu atuo na área de História do Brasil, com ênfase no período colonial. O campo historiográfico no qual a minha pesquisa se insere é História Local. Porém, procurando sempre articular as problemáticas com questões e debates mais amplos da história do Brasil Colônia.

Karine: Atualmente, sou mestranda no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz, com financiamento pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Meus temas de interesse se voltam para as áreas de História da educação na Baixada Fluminense, História das ciências, e História das mulheres do Brasil.

Minha atual pesquisa se insere no tema da História da educação na Baixada Fluminense, sigo investigando a trajetória de Maria Rosa Monteiro Pariz, que foi também tema do capítulo 3 do livro. Maria Roza foi professora primária da Instrução Pública – órgão de regulamentação da educação no Império – na região da Baixada Fluminense – à época, chamada Iguassú – do Rio de Janeiro entre os anos de 1860 e 1892. Durante esse tempo, fundou e atuou na direção de um importante colégio em Iguassú. Em minhas últimas análises, pude encontrá-la integrando redes de sociabilidade intelectual na região; quando estava em curso o processo de feminização do magistério primário. Embora sua atuação tenha sido relevante para a educação em Iguassú, quem recebeu o título de “Precursor da educação em Iguassú” foi seu filho, Augusto Monteiro Pariz. 

Além da pesquisa, nos últimos meses tenho atuado em conjunto com outras colegas do (PPGHCS), na estruturação e criação do Grupo de pesquisa “Marias Intelectuais”, com objetivo de dar voz àquelas trajetórias que foram politicamente silenciadas ao longo das produções historiográficas sobre a História das Ciências. 

Joyce: A minha linha de pesquisa é “Relações de Poder, Trabalho e Práticas Culturais”, neste sentido, lido com o mundo do trabalho, uma vez que retrato uma família que possuía escravos, e dedico parte da dissertação para analisar a configuração do plantel de Dona Anna Rosa Roberta de Vasconcellos. Mas as pesquisa também se insere na história da família, visto que observo a configuração da família “de Sá Freire”, debatendo que o uso desse sobrenome se dá apenas pelos homens da família, assim como observo o conflito que se abateu sobre a mesma, no tocante de quem iria tutelar os infantes herdeiros. Almejo continuar estudando a referida família, buscando fontes que demonstrem como se alicerçaram em Itaguaí, lembrando que Seropédica pertencia a esta cidade, e acompanhando os movimentos deles até o século XX, compondo uma trajetória familiar dos “de Sá Freire”.

Max: Com o cenário atual as perspectivas não são das melhores. Mas eu gostaria de poder continuar como pesquisador na minha área. Atualmente sou professor da rede pública de ensino.

Jessica: Minha área de atuação é a História Social das Mulheres e durante boa parte da minha trajetória acadêmica desenvolvi estudos sobre a vida de mulheres que habitaram o município de Seropédica, que ao longo da sua vida contribuíram para o desenvolvimento social e econômico da região. Meu interesse acadêmico é a investigação de mulheres na administração de bens, e entender a participação delas na sociedade. 

 

 

PERGUNTA 02 – Falem sobre suas ligações pessoais com o município de Seropédica e as influências e motivações que levaram ao livro.

Thales: As minhas ligações com o município de Seropédica são muitas. Além de ter cursado a graduação e pós-graduação na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, trabalhei um tempo no município de Seropédica e em Itaguaí. Sou morador do bairro de Santa Cruz, que fica na zona oeste do Rio de Janeiro. Assim surgiu o meu interesse por pesquisar a história da região, pois tanto Itaguaí quanto Seropédica fizeram parte da Fazenda de Santa Cruz, objeto da minha pesquisa.

Karine: Minha principal relação com Seropédica se estabeleceu ao longo das vivências e experiências acadêmicas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), situada no município. Nesse tempo de graduação, tive a oportunidade de integrar o Programa de Educação Tutorial em História (PET História-UFRRJ), em que a farta circulação de fontes sobre a história da região, presentes no acervo do PET, me instigou. Nas reuniões semanais do programa, nomes notáveis eram lembrados nos assentos de batismo e óbitos de homens e mulheres que haviam vivido, pensado, produzido e ampliado a experiência humana naquela região há mais de um século. Além da pesquisa nos arquivos recheados de documentos, as atividades de extensão do PET nos levaram pouco a pouco ao contato com as salas de aula da rede municipal de Seropédica, nelas pude encontrar as demandas por uma história além dos feitos dos grandes homens notáveis. Há demanda por uma história, também, das pessoas comuns, da qual seus avós participaram e da qual se sentissem parte. Embora o livro Seropédica em foco seja uma obra para o público acadêmico, este é, também, um passo consolidado que possibilita aos educadores, escritores e pesquisadores da região, a produção de uma História pública de Seropédica, com boas ferramentas como, por exemplo, materiais didáticos. 

Joyce: Eu sou moradora de Seropédica há mais de 20 anos, de modo que ao ingressar no grupo Programa de Educação Tutorial em História (PET-HISTÓRIA) – “PET Práticas de História: dos arquivos à sala de aula”, vi a oportunidade de conhecer o ambiente que há tanto tempo havia me acolhido, como uma maneira de contribuir para que os outros munícipes pudessem conhecer mais sobre o local em que residem e adjacências. Uma das linhas de pesquisa desenvolvidas no referido programa foi aprofundada por mim na graduação, e, posteriormente aprimorada, o que resultou na dissertação de mestrado defendida em novembro de 2018.

Max: A minha ligação com Seropédica se deu a partir da minha dissertação de mestrado.

Jessica: Meu primeiro contato com o município de Seropédica foi na graduação, em 2013, e desde então a cidade se tornou uma segunda casa. Literalmente, a partir de 2015, passei a residir no município, o que intensificou ainda mais o meu vínculo com o lugar. A minha experiência enquanto bolsista do grupo Programa de Educação Tutorial (PET-História) UFRRJ instigou o meu interesse em fazer História Local, em pesquisar a trajetória de mulheres que protagonizaram a história de Seropédica e, consequentemente, a realizar e contribuir com a obra Seropédica em foco.

 

PERGUNTA 03 – Quanto à pesquisa acadêmica que resultou na obra, houve alguma dificuldade em encontrar materiais necessários? E facilidades?

Thales: Muitas. Tanto na graduação quanto no mestrado. A documentação sobre a Fazenda de Santa Cruz encontra-se espalhada em uma série de fundos e arquivos, tanto no Brasil como em Portugal. Na época, o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro mantinha os documentos sobre a fazenda inacessíveis, pois estavam preparando o processo de digitalização das fontes. No final do mestrado, eles reabriram o Fundo da Fazenda Nacional de Santa Cruz, o que colaborou bastante com o andamento da pesquisa. Sabe-se, hoje, que há bastantes fontes sobre a história da região em arquivos do Rio de Janeiro, Itaguaí e até mesmo em Petrópolis, o que é algo muito bom para os interessados em pesquisar a região de Seropédica e adjacências.

Karine: No caso da pesquisa sobre Maria Roza, encontrei dificuldades de encontrar mais informações sobre o Colégio Paris, o qual descobri recentemente que tinha como fundadora, Maria Rosa. No entanto, os documentos oficiais apontam Augusto Paris, filho de Maria Rosa, como o fundador do colégio. 

Minha hipótese é que nesse período os cargos de comando como diretor, por exemplo, eram masculinizados ao ponto de conferir maior credibilidade a um colégio, do que a ocupação deste cargo por uma mulher. Principalmente porque naquele tempo a ocupação feminina do espaço escolar, tanto como alunas quanto como professoras, era um campo em disputa.

Além disso, a história das mulheres tem apontado o silenciamento das mulheres não apenas nas fontes históricas oficiais, como na própria produção historiográfica. Nesse sentido, a busca pelos vestígios deixados pelas mulheres exige criatividade, quando não as encontramos nas fontes oficiais, é preciso buscá-las nos lugares mais improváveis. 

Joyce: Por estar no Programa de Educação Tutorial (PET-HISTÓRIA), tive acesso a fontes que me possibilitaram observar, por exemplo, os registros de batismo de pessoas livres, nos quais encontrei integrantes da família que analiso na dissertação, sendo um ponto de partida para encontrar os inventários de dois membros da família: matriarca Anna Rosa Roberta de Vasconcellos e o de seu filho João Luiz de Sá Freire.

Max: Pesquisar sempre é uma atividade árdua, mas, ao mesmo tempo, uma satisfação quando conseguimos realizar a pesquisa com dedicação.

Jessica: As dificuldades são inerentes ao próprio processo de pesquisa; ir aos Arquivos públicos no centro da cidade do Rio de Janeiro, gastar tempo no deslocamento e precisar  financiar tais etapas. Porém, também lancei mão de diversos acervos digitais como a Hemeroteca Digital, o que facilitou muito o acesso de fontes locais, como os próprios periódicos e almanaques, como o Almanak Laemmert, que contém ricas informações político, administrativas e econômicas de Seropédica no século XIX. 

 

PERGUNTA 04 – Para o público interessado em se aprofundar nos temas pesquisados, há algum meio (digital ou físico) para busca de fontes confiáveis? Se sim, quais deles os autores utilizaram?

Thales: Sim. Há tanto arquivos físicos quanto digitais. Posso citar aqui alguns que utilizei na pesquisa. O primeiro fundo que acho relevante consultar é o excelente trabalho do Projeto Resgate (disponível no sítio http://resgate.bn.br/docreader/docmulti.aspx?bib=resgate). Lá há muitas documentações disponíveis e já digitalizadas sobre a Fazenda de Santa Cruz. É só entrar e pesquisar na capitania do Rio de Janeiro e no Conselho Ultramarino. Outro arquivo indispensável para se visitar é o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (AN/RJ), e pesquisar no Fundo da Fazenda Nacional de Santa Cruz. Na época que iniciei a pesquisa, havia um catálogo digital disponível do site do AN/RJ. Neste catálogo havia a lista com as caixas e os códices, e as referências de cada documentação. Vale a pena conferir!

Karine: A pandemia e o consequente fechamento dos arquivos por questões sanitárias levaram os historiadores aos arquivos digitais com muito mais frequência que antes. Nesse movimento, se tornaram cada vez mais importantes o site da Hemeroteca da Biblioteca Nacional (http://bndigital.bn.gov.br) com milhares de periódicos digitalizados e disponibilizados gratuitamente; e o site do Center for Research Libraries (https://www.crl.edu/) vinculado à Universidade de Chicago que disponibiliza, dentre outras fontes, os relatórios da Presidência da Província no Império, que contém relatórios com temas sobre educação, construção de estradas etc. 

Joyce: Há os registros paroquiais de batismo, óbito e casamento fotografados, organizados de forma que as informações são alocadas em bancos de dados pelos bolsistas do grupo supracitado. Também há fontes no Museu da Justiça do Rio de Janeiro, principalmente inventários, além dos Registros paroquiais de terras e do Almanak Laemmert disponível  on-line.

Max: Acho que o Centro de Documentação e Imagem (CEDIM) que funciona no Instituto Multidisciplinar (IM) -UFRRJ é um ótimo começo para conhecer a história da Baixada Fluminense.

Jessica: Sim, como afirmei na pergunta anterior, a Hemeroteca Digital, pertencente à Biblioteca Nacional Digital, possui diversas informações históricas sobre o município. Destaco aqui o Almanak Laemmert que na parte destinada às províncias buscava-se arrolar as principais personalidades e atividades exercidas em cada município e freguesia da província do Rio de Janeiro. Contendo assim, por exemplo, os nomes de funcionários da justiça e demais cargos administrativos, donos de comércios e fazendeiros, divididos de acordo com o tipo de cultivo praticado nas propriedades.

Já sobre os arquivos físicos, aconselho o Arquivo Nacional para a consulta de fontes sobre a região, principalmente o Fundo da Imperial Fazenda de Santa Cruz, o Museu da Justiça, no qual pude consultar inventários e testamentos de moradores da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal, atual município de Seropédica. E, por fim, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), em Botafogo, que também possui um rico acervo sobre Itaguaí e Seropédica.

 

PERGUNTA 05 – Há previsão de publicação de novas pesquisas sobre o município?

Thales: No momento, de concreto, não. Estou me dedicando a outras atividades profissionais. Leciono História em muitas escolas, mas confesso que sonho em poder voltar a pesquisar a história de Seropédica em breve.

Karine: Sim. A pesquisa que tenho desenvolvido para a dissertação é sobre a trajetória de Maria Rosa, abordando a História da educação na região, com previsão para conclusão no primeiro trimestre de 2023.

Joyce: Como o trabalho do PET-História continua analisando fontes e elaborando pesquisas novas e com o material que já foi produzido, considero que os trabalhos com novas temáticas correlacionem as que existem na macrorregião que integrava a Antiga Fazenda de Santa Cruz com as demais localidades do Rio de Janeiro, quiçá do Brasil, terão vasto material para ser pesquisado. Dito isso, os próximos anos deverão ter muitas monografias, dissertações e teses sobre a referida região na qual se insere Seropédica.

Max: Eu acredito que em breve minha tese será publicada e parte dela está dedicada a Seropédica e Nova Iguaçu.

Jessica: Sim, inclusive neste ano de 2022, pela própria EDUR, foi publicado o resultado da minha dissertação de mestrado de título “Dona dos cafezais: a ação social e econômica de uma fazendeira de café em Bananal de Itaguaí 1850-1867” que buscou compreender, a partir da trajetória de D. Gertrudes Maria da Conceição, os limites e possibilidades de ação social e econômica que circunscreviam a vida de uma mulher fazendeira de café na zona itaguaiense de produção cafeeira no oitocentos. Para isso, é dada atenção para a participação no conjunto produtivo e as ações desempenhadas por ela na promoção e manutenção da atividade produtiva. A senhora em questão era moradora da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bananal de Itaguaí (atual município de Seropédica).

 

PERGUNTA 06 – Como pesquisar sobre Seropédica pode impactar a Rural? Essa foi uma preocupação para os autores?

Thales: Sim. Sempre quis, sob o meu horizonte acadêmico, poder trazer um pouco dessa visibilidade para a região de Seropédica e contar mais da história da região onde está situada nossa querida universidade. Acredito que a universidade, como uma instituição que produz e difunde saberes, exerce um papel muito importante dentro da comunidade na qual está inserida. É preciso que os acadêmicos envolvidos tenham noção do seu papel e da sua responsabilidade com a história da instituição, mas também da responsabilidade com a região como um todo. Preservar e zelar por essa memória é papel fundamental do historiador nos dias atuais.

Karine:Sim. Acredito que a Universidade é capaz de devolver à sociedade os benefícios da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica produzidas nela. No que tange às pesquisas sobre o município de Seropédica, elas podem ser um caminho para a prática dessa extensão, criando uma relação dialógica na relação Universidade-sociedade.   

Joyce: A Rural está localizada em Seropédica, em certa medida, falar dessa cidade se refere a uma parcela da história da própria Rural. Minha pesquisa não está diretamente relacionada com a Universidade, mas sem a mesma eu não teria a formação necessária, tampouco os meios para elaborar a minha pesquisa que culminou na dissertação.

Max: Estudar o passado é uma forma potente de compreensão do presente. Por isso, conhecer a história de Seropédica impacta na própria relação que a Rural pode estabelecer com as comunidades do seu entorno.

Jessica: A pesquisa sobre Seropédica impacta diretamente a Rural, primeiramente, porque a Universidade faz parte de Seropédica, não podemos olhar para o município e para a instituição de maneira desassociada. Essa foi uma preocupação dos autores, que foram estudantes de história da UFRRJ, frequentavam o campus diariamente e observavam nos discentes e docentes questionamentos sobre a História Local. Nesse sentido, desenvolver estudos sobre Seropédica é pensar o próprio campus, é entender a trajetória de indivíduos que protagonizaram a região e entender, como é o caso dos capítulos que se dedicaram ao período da Ditadura militar, como os acontecimentos históricos envolveram diretamente a Rural. 

 

Assista ao vídeo de lançamento do livro:

 

 

Para ter acesso à obra completa de forma gratuita, clique aqui.

 

* Estagiário da Edur.

** Residente em Iniciação Profissional da Edur.

*** Bolsista de revisão textual da Edur.

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Edital 1 de 2022

Visando difundir a atual política editorial e dar mais transparência à edição de livros, a Edur lança o presente edital, a fim de regulamentar a política de submissão de originais para o ano de 2022. Este edital busca atender à missão de preservar o pensamento humano, com o objetivo de registrar e transmitir o conhecimento produzido pela Universidade, com o compromisso de desenvolver a produção científica, técnica, filosófica e artística, por meio da publicação de livros em diversas áreas do conhecimento, primordialmente de caráter didático, científico e literário, além de obras relacionadas diretamente à história da UFRRJ e seu entorno.

Prazo para submissão dos originais: de 30 de maio a 29 de julho de 2022.

Clique aqui para acessar o edital!

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Sorteio do Dia Mundial do Livro

 

No dia 23 de abril foi celebrado o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor! Para comemorar essa data incrível, a Edur vai sortear uma das obras publicadas pela editora. O sorteado poderá escolher um livro entre todos do nosso catálogo!

 

Para participar é muito fácil:

 

1 – Siga o perfil da Edur no Instagram – @edur.ufrrj, ou https://www.instagram.com/edur.ufrrj/

 

2 – Marque dois amigos nesta publicação (não serão considerados perfis de marcas ou famosos)

 

3 – Você receberá um número como resposta no seu comentário. Guarde-o.

 

4 – O livro deverá ser escolhido e retirado na Edur. Estamos localizados no prédio da Biblioteca Central, no andar térreo.

 

O ganhador será divulgado na próxima segunda-feira, dia 02/05, nas nossas redes sociais.

 

Boa sorte!

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Vaga para bolsista de Belas Artes

TEMOS VAGA!

Quer fazer parte da nossa equipe? A Edur está selecionando, dentre os candidatos cadastrados no PDAI, um bolsista de Belas Artes para atuar com ilustração e editoração. Para ser incluído no banco de dados do PDAI, o aluno precisa ter vulnerabilidade socioeconômica comprovada.

O valor da bolsa é de R$320 mensais. Ter experiência nos programas Photoshop e InDesign é um diferencial. Para realizar a inscrição, o candidato deve enviar currículo e portfólio (caso tenha) para o e-mail abaixo:
 
edur@ufrrj.br
 
Boa sorte!
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Resultados definitivos do edital 01/2021

Informamos que, após julgamento dos recursos pelo Conselho Editorial da Edur, ficou deliberada a seleção das seguintes obras para publicação por meio do edital 01/2021:

• “A contribuição da assistência estudantil para a democratização da educação superior”;

• “Museu de Solos do Brasil: Histórico de Criação, Desafios e Finalidades”;

• “Produções Feministas no Brasil: da modernidade à pós”;

• “Sociedade-Natureza na Baixada Fluminense: perspectivas de investigação”.

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Resultados do edital 01/2021

Informamos que, após reunião do Conselho Editorial da Edur, ficou deliberada a seleção das seguintes obras para publicação por meio do edital 01/2021:

• “A contribuição da assistência estudantil para a democratização da educação superior”;

• “Museu de Solos do Brasil: Histórico de Criação, Desafios e Finalidades”;

• “Produções Feministas no Brasil: da modernidade à pós”;

• “Sociedade-Natureza na Baixada Fluminense: perspectivas de investigação”.

Lembramos que, em conformidade com o edital, o prazo para interposição de recursos será do dia 09/12/2021 a 10/12/2021. O resultado final será publicado em 15/12/2021.

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20/11 – Dia da Consciência Negra; texto por Mariangela Dias*

Dia desses, uma de minhas amigas, ao chegar para trabalhar, encontrou o maior alvoroço. Uma funcionária fora assaltada em frente ao prédio. Levaram sua bolsa. Por sorte, não a agrediram. Embora a rua estivesse deserta e a moça tenha visto um sujeito estranho à empresa se aproximar pela outra esquina, não acelerou o passo, não teve medo. Alguém perguntou se ela não havia desconfiado. Ela, então, olhou para nossa amiga, que é negra, baixou a cabeça, e disse “Ai, desculpa… Ele era tão branquinho”.

O fato me fez lembrar o ano de 2018. Tive a oportunidade de assistir a uma palestra de Conceição Evaristo, na Fiocruz, aqui no Rio, por ocasião da reunião Anual da Associação Brasileira das Editoras Universitárias. Embora ouvi-la seja um aprendizado, o que mais me comoveu foi compreender como aquela senhora havia impactado os jovens adolescentes, ali presentes para homenageá-la.

Ouso dizer que a literatura de Conceição deu a eles mais que a alegria de se reconhecerem, a si e aos seus, nas histórias por ela contadas com maestria. Muito mais que a certeza de se saberem não sendo sempre os bandidos da história, os contos e romances da autora mineira os inspiraram a narrar suas trajetórias e a sonhar outras. Eu presenciei jovens renovados em entusiasmo para se expressarem, por meio de suas artes escrita e cênica, na luta para desmanchar o racismo, às vezes tênue, noutras escancarado, amargado por pretos e pretas.

Racismo este que transita em todas as esferas da sociedade e não seria diferente, portanto, no mercado de trabalho. Caetana Maria Damasceno, em seu livro “Segredos da Boa Aparência”, publicado pela Edur, em 2011, trata dos sentidos de raça e cor no mundo do trabalho no Rio de Janeiro, em particular sobre o trabalho doméstico feminino. Embora o recorte temporal seja de 1930 a 1950, os temas abordados no livro ainda são atuais, por isso assustam. Entre outros aspectos, Caetana argumenta sobre as dificuldades que essas mulheres enfrentavam quando se dispunham a romper o “pacto do silêncio”. Ou seja, que uma dada “cor” sempre ocuparia posições subalternas. E, uma vez que tal pacto fosse desfeito, como era complexo reconstruir a trajetória de vidas delas. Para ilustrar, a autora relata as histórias de duas mulheres que deixaram o emprego de doméstica e passaram a atuar uma como pequena empresária e outra como gerente de uma instituição bancária:

“[…] Nestas posições, envolvendo o contato direto com o público, os “clientes” e os funcionários superiores e subalternos — todos, por definição cultural, potencialmente pertencentes a segmentos estabelecidos ou “naturalmente” superiores porque “brancos” — elas experimentaram muitos impasses ou conflitos, mais ou menos sutis, dependendo da situação social em questão” (p. 159).

Ainda sofremos os efeitos de um racismo que atravessou séculos, daí ser constante e estrutural. A luta é pesada e não admite cansaço. Trago um episódio citado por Djamila Ribeiro, em seu livro “Quem tem medo do feminismo negro?”, publicado pela Companhia das Letras, em 2019. O leitor de dado jornal, da região sul do país, dizia que as pessoas negras têm aptidão ao crime e são menos qualificadas, por esse motivo lotam os presídios. Como bem argumentou Djamila, “O comentário desse senhor mostra que ele ignora as construções do racismo em nossa sociedade. Foram 354 anos de escravidão e, depois, não se criaram mecanismos de inclusão para a população negra.” (p.64). Os imigrantes, por outro lado, também vieram para o Brasil sem qualificação, mas receberam terras e oportunidades de trabalho, o que lhes possibilitou outra perspectiva histórica, conforme a autora esclareceu.

Até mesmo o dia escolhido para representar a luta contra o racismo recebe ataques. Assim temos visto, em particular, nas redes sociais. Ignoram os outros 364 dias e escolhem exatamente o 20 de novembro para abordarem a questão do respeito à pessoa humana e não somente ao povo negro. Entendo que o Dia da Consciência Negra não quer de forma alguma aplacar o sofrimento enfrentado por outros povos ou as lutas de grupos excluídos. Deseja-se o respeito a toda criatura humana, seja preta ou branca. Mas quando um indivíduo sofre todo tipo de ofensa, discriminação, preconceito, restrição de direitos tão somente por causa de sua cor de pele, não façamos pouco caso. A dor ainda é muita. Compreender o que passo não minimiza o que você sente. Deveria nos tornar mais solidários, jamais rivais.

Nem mesmo os nossos pequenos estão livres do preconceito. Relembro certo programa de TV que simulou o caso em que uma criança, de cinco ou seis anos, havia se perdido dos pais. Ficava a andar de um lado para o outro, em frente a uma loja, de um bairro comercial. A criança negra teve ajuda uma única vez. A criança branca teve ajuda todas as vezes em que o teste foi realizado.

O que nos faz pensar ser a criança negra não merecedora de ajuda? O mesmo que nos leva a acreditar serem os ladrões todos pretos; cabelo bom, o oposto do crespo; não haver orgulho ser oriundo de uma nação africana; pensar nas religiões de matriz afro-brasileiras como malignas; as músicas negras, malditas; a mulher negra ter beleza apenas se for uma personagem de carnaval e por aí vai.

Conceição Evaristo, em Becos da Memória, publicado pela Editora Pallas, em 2017, não nos deixa perder a direção de que a mudança pode acontecer, apenas não vem de mão beijada:

“[…] Acreditavam e diziam que a vida de cada um e de todos podia ser diferente. Que tudo aquilo estava acontecendo, mas muita coisa poderia mudar. E quem mudaria? Quem mudaria seria quem estivesse no sofrimento. Quem arreda a pedra não é aquele que sufoca o outro, mas justo aquele que sufocado está.” (p. 136).

 

* Escritora e servidora da Edur.

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Resultado da análise de conformidade com o edital

O Conselho Editorial da Edur, após prévia análise das obras submetidas ao edital 01 de 20 de maio de 2021, não verificou obstáculos para o prosseguimento de todas as obras submetidas. Os originais serão entregues à análise de avaliadores internos e externos para emissão de pareceres, os quais embasarão a decisão do Conselho sobre a classificação das obras. Lembrando que estes pareceres não vinculam os votos dos conselheiros.

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Saiba como baixar gratuitamente os nossos e-books

Os e-books publicados pela Edur são gratuitos! Veja, abaixo, o passo a passo para realizar o download de obras em nossa loja virtual – https://editora.ufrrj.br/ebooks/

1 – Na página da obra, escolha uma opção: “Livro digital”;
2 – Clique em “Comprar”;
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6 – Clique em “Finalizar compra”;
7 – Será informado o número do pedido, data da compra e valor da compra, ou seja, R$0,00.

O link para baixar o livro estará disponível e será, também, enviado para o e-mail informado no preenchimento de dados. Boa leitura!